Mabelle e as bolhas de sabão
Primeira Parte: A Queda
II – As Bolhas de Sabão
As pequenas bolinhas transparentes flutuavam pelo ar,
frágeis, suscetíveis a acabar numa silenciosa explosão, espalhando-se como
fogos de artifício. Quando não, subiam até o céu, perdendo-se de vista até
evaporarem. Hora ou outra, o sol refletia em sua superfície, dando-lhe cores
fracas, misturando-se como tintas na paleta.
Eram as bolhas de sabão que Mabelle assoprava tão
gentilmente.
Sentada em um cantinho, quietinha, a menina juntava os
lábios e inspirava fundo, enchendo-lhe as bochechas. Então, devagarinho,
soltava o ar pelo arco azulado, com todo o cuidado para que saíssem perfeitas.
Bolhas, de tamanhos variados, flutuavam como penas ao seu redor. No chão e na
janela, havia manchas esbranquiçadas daquelas que explodiram com contato.
Mabelle amava bolhas de sabão. Não apenas por serem
adoráveis e coloridas, não pela diversão de sugar e soprar o ar, não pela
alegria em esticar os dedos pequenos e toca-las suavemente, antes de furar.
As bolhas voavam e eram livres. Possuíam uma perfeição em
forma e cores, até mesmo quando desaparecia gradativamente ou explodia no nada.
Eram leves e interessantes. O olhar prende-se e se vê vagando nos pensamentos
enquanto os olhos curiosos as seguem até onde for.
Ludibriava-se em imaginar-se bolha. Via-se como uma enorme e
rechonchuda bolha amarela e azul. Uma bolha brilhante e barulhenta, que
flutuava e grudava em outras bolhas. Brincavam de roda e de voar até... POP!
Sumirem no ar.
Era pura alegria. Pura sintonia na dança das bolhas de sabão.
Algo tão intenso e tão maravilhoso que não se cabia em si. Precisava ser
compartilhado com o mundo e contaminar as pessoas tristes e mal humoradas.
Então, as bolhas deixavam de serem bolhas para serem ar. Corriam o mundo
inteiro, encontrando a todos e os influenciando a rir e sorrir.
Era assim que Mabelle as via. Não como diversão temporária.
Não como beleza passageira. E sim de uma bondade tão grande que se misturavam
conosco nos obrigando a sonhar.
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