Mabelle do balanço ao céu

Primeira Parte: A Queda

I - Do Balanço ao Céu



Seu corpo inclinou-se para frente, e em seguida para trás. Repetiu o movimento. Os pés balançando-se em baixo dela moviam-se na direção contrário do dorso. As mãos, suas pequenas e delicadas mãos, seguravam firmemente a corrente fria, equilibrando seu corpo sobre o assento. Seu cabelo voava, acompanhando o movimento do corpo. O vento bagunçava os fios dourados, dando-lhe uma aparência travessa.

Mabelle parecia andar sobre o céu. O sorriso estampado no rosto era aberto e mais luminoso que o sol. A risada ecoava nos ouvidos na mais rica e bela melodia, como sinos de vento numa tarde de verão. A respiração era ofegante de emoção e a brisa fresca tocava seu rosto na mais leve e gentil das carícias.

O balanço rangia, um ruído de fundo em meio a gritos de alegria. Pra frente e para trás. Céu e terra. Vida e sonho. A pequena notável viva entre o real e o surreal. Em um mundo de sonhos e fantasias que tudo era possível no mundo das impossibilidades.

Ela queria voar.

Andar sobre as nuvens, sob o céu azul. Mas não era pássaro, nem provinha de asas. Não era o suficientemente leve e pequena para ser levada pelo vento. Não conhecia pássaro grande o suficiente para carrega-la pelos céus. Mas Mabelle voava. Sentava no balanço do parque, balançava-se para frente para trás e voava. Poderia abrir os braços, quando estivesse lá no alto, e sentiria como pássaro entre as nuvens. O suspiro de satisfação era certeiro, assim como seu coração acelerado no peito.

Mabelle era pássaro e voava no céu.

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