Mabelle Transborda
Esvazio minha mente cansada em frases que não fazem muito
sentido. Eu não
faço sentido.
Sou
tantas coisas e o nada ao mesmo tempo. Transpareço força, mas sou fraca por
dentro.
Sou
reticências de um texto incompleto.
Não há para onde fugir dos meus pensamentos. Não há como tampar
os ouvidos, silenciá-los. Continuam repetindo-se em minha mente, como um disco
riscado. De novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo
e de novo
Palavras
em brasa, como lâminas perfurando, lentamente, minha pele, minha alma e minha
mente.
Minha
mão segura a caneta com leveza. Não as sinto. Como se não fossem minhas. Meus
olhos olham fixamente para o papel branco de linhas azuis até perderem o foco.
Respiração suspensa, a espera de uma salvação. Alguma inspiração para
transbordar os sentimentos acumulados no peito
Suspiro.
Água embaçam-me os olhos, salgadas e frias. Elas escorrem pelo rosto, uma
correnteza particular sem fim.
Transbordo.
Tristeza. Dor. Agonia. Solidão. Todos os sentimentos que me
exaurem, que me sufocam, esvaindo-se em lágrimas, aliviando a dor que se
instalara em mim há mais tempo que possa contar.
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