Mabelle e a Escuridão

Segunda Parte: Cinza
XI - A Escuridão



A Escuridão me encara com seus olhos melancólicos e me segura em seus braços frios e pesados de torpor. Ela não me larga e não consigo respirar. Inspiro e o ar se perde em algum lugar no caminho para os meus pulmões. Fujo e ela me alcança prendendo-me com garras fortes em seu mundo sem ar, sem luz, sem som, sem cores.

O Medo é um sentimento terrível, andando sempre de mãos dadas com a Escuridão. Tenho medo de tudo. Da vida e da morte; de amar e não ser amada; da luz e da escuridão. O Desconhecido se mostra para mim como um estranho de sorriso malicioso e olhos maldosos. Fujo. Mas ele me acha, espera-me em cada esquina torcendo para que eu dê um passo em falso e caia sobre ele.

Isolo-me. Entretanto, os pensamentos me perseguem como extensões do medo e do desconhecido, raízes negras espalhando-se pelo chão, subindo minha cama, infiltrando minha mente. Afundo cada vez mais na escuridão em minha alma. Ouço suas risadas dissimuladas e perturbadoras, vangloriando-se em voz alta por dominarem minha mente. Minhas lágrimas são prêmios, minha agonia um deleite. Eu tento e tento, mas não consigo me esconder.

Comentários

  1. Que conto lindo, Mary!
    Fiquei simplesmente deslumbrada com o modo com que você brincou com as palavras, flexinando-as. Aliás, esse é um dos pontos que mais me encanta quanto à escrita de Mabelle. Isso, e o fato de transmitir tantos sentimentos -- a angústia, a dor da perda, o sofrimento... São quase palpáveis.

    Mal posso esperar pelo próximo!
    Bjsbjsbjs ♥

    ResponderExcluir

Postar um comentário