Mabelle Cai

Primeira Parte: A Queda

X - Mabelle Cai




Os pássaros não cantam mais. Ou talvez seus ouvidos não fossem mais capazes de ouvi-los.

Os arco-íris perderam suas cores. Ou talvez seus olhos não fossem mais hábeis para vê-las.

A relva sob seus pés descalços não era macia. Ou talvez sua pele não fosse mais capaz de senti-la.

Ou talvez.

Talvez.

Certezas.

Mabelle se perdera. Não se atentou ao caminho, não ouviu os alertas em sua mente, e se perdeu na escuridão. O caminho de volta lhe era desconhecido. Estava só.

Mabelle odiava ficar sozinha.

Mabelle temia a solidão.

A solidão a impedia de sonhar. Sem os sonhos, Mabelle era incapaz de sentir. As cores em seus olhos sumiam. A melodia em seus ouvidos se calava. E menina encontrava-se nua: sem nada. Sem brilho, sem sorrisos, sem cores. Mabelle transformava-se em cinza.




Estou à beira do precipício. Abro os braços e a força do vento me balança – para frente, para trás – e seca as minhas lágrimas sem sabor. Olho para baixo. Imensidão negra desconhecida. Ergo-me nas pontas dos pés.

Fecho os olhos.

Prendo a respiração.

Abraço a escuridão.



Fim da Primeira Parte

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