Prólogo



O quarto estaria imerso em escuridão, se não fosse a luz opaca da lua se infiltrando timidamente pela janela aberta, dando ao cômodo um tom acinzentado e melancólico. Tudo ali era cinza e inspirava tristeza.

Mabelle abraçou as pernas firmemente contra o peito, sentada sobre a cama cinza, com lençóis cinza, derramando lágrimas cinza. Não havia cor alguma dentro de si. Era uma tela despigmentada, um reflexo turvo em um espelho quebrado.

E era cinza.

Costumava ser uma menina alegre, a Mabelle. Dançava e falava sem parar. Cantava o que lhe vinha à mente, corria de um lado para o outro. Uma jovem mulher de alma infantil. De sorriso fácil no rosto e brilho no olhar.

E era colorida.

Mas música que guiava seus pés parou. A voz que entoava canções e as mais belas palavras de amor se calou. Sem olhar para o chão, enquanto corria, tropeçou nas pedras e caiu. Machucou-se e sangrou. A tristeza se infiltrou em seu corpo. Veio sem alarmar, de pouquinho em pouquinho, até preencher seu coração. Uma erva daninha se apoderando de sua alma. Uma erva daninha que, ao tentar podar, apenas crescia mais e mais forte, com uma rapidez assustadora. Logo, a menina mulher de alma infantil e colorida, era apenas uma jovem desiludida.

E cinza.

Comentários

  1. Poderia ser cinza a sua história, talvez fossem cinzas seus viveres agora que a tempestade cinza atravessava sua alma. Mas seus olhos brilhariam em tons prateados, ao logo daqueles tempos conturbados. Já que as cores da vida se escondem dente nossos dedos...

    Beijo querida, vou divulgar tua história lá no meu tumblr ^^

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  2. OK qualquer semelhança com a reralidade é mera coincidencia.. mas poxa vai coincidir exatamente la em marte pow o.o

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